Resiliência: é esta a característica que mais se adequa quando analisamos o mercado de escritórios em 2021. Mesmo com o sentimento geral de cautela por parte das empresas, a atividade ocupacional transacionou um volume de 138.000 m2 na Grande Lisboa entre janeiro e novembro, um crescimento homólogo de 17%. As rendas de mercado não sofreram grandes flutuações dada a maior flexibilidade dos proprietários em conceder incentivos. E o ritmo de desenvolvimento dos projetos em pipeline manteve-se, sem dar sinais de preocupação aos fundos e promotores.
Mas face ao contexto de incerteza, as empresas tiveram dificuldade em tomar decisões a médio-longo prazo, com impacto direto no investimento em novas instalações. Este conjunto de circunstâncias veio despoletar um maior interesse das empresas por soluções de FlexOffices, mais ajustadas a soluções imediatas e a curto prazo.
As empresas foram também confrontadas com necessidade de se adaptar, rapidamente, ao teletrabalho, e não só: também encontrar o melhor balanço entre as medidas impostas e as necessidades dos colaboradores.
Desta necessidade surge ainda outro desafio: O de garantir condições de trabalho a partir de casa sem pôr em causa a estabilidade operacional da sua atividade e, simultaneamente, redefinir os espaços de trabalho e adaptá-los a uma nova filosofia: menos permanente, mais colaborativa, mais fluída.
Outra questão curiosa neste contexto de mudanças abruptas, são as oportunidades distintas que surgem e que doutro modo dificilmente emergiriam, tais como os nómadas digitais que “têm salvo” o alojamento local no Algarve e que têm garantido uma permanência que ultrapassa o período do verão, ou ainda a recuperação do comércio de rua, e o Industrial e Logístico que mais que duplicou a procura de espaços e armazéns de proximidade aos grandes polos urbanos.
Para o ano de 2022, o mercado de escritórios deve revelar um aumento da dinâmica com as empresas a retomar um ritmo de atividade mais normalizado, especialmente com a situação pandémica a ficar cada vez mais controlada. Isso permitirá que as empresas ganhem mais confiança no ambiente económico e recuperem a capacidade de tomar decisões que até agora colocaram em espera.
Denota-se uma crescente procura por parte de empresas multinacionais a querer entrar no mercado nacional. Os fatores de atração e retenção de Lisboa no geral e do mercado de trabalho em particular manter-se-ão em particular para as empresas tecnológicas, de nearshoring ou Business Process Outsourcing que procuram implementar ou expandir atividade no nosso país. Da mesma forma, o mercado deverá ainda beneficiar de grandes ocupações por parte de operadoras de FlexOffices.
A conclusão de alguns edifícios de escritórios novos em 2022, tais como o World Trade Center por exemplo, vão elevar o padrão de qualidade do stock de edifícios existente na Grande Lisboa, dando resposta às crescentes exigências das multinacionais.
Um dos mais recentes padrões e tendências prende-se com a crescente importância das certificações de sustentabilidade (LEED, BREEAM, WELL, Passive House) tanto para os proprietários como para os arrendatários. Algumas zonas com reduzida disponibilidade e/ou com projetos diferenciadores como estes poderão observar uma pontual valorização das rendas de mercado.
No nosso departamento de Agência na Worx, o ano de 2022 será encarado com proatividade e confiança continuando não só a enfrentar os desafios que a pandemia até agora nos trouxe, mas também sabendo tirar o melhor partido dos indicadores positivos esperados para 2022. Além disso, temos o claro objetivo de ajudar os fundos e promotores nossos parceiros a consolidar e maximizar os seus portfólios e, assim, juntos encararmos esta recuperação com confiança.
Artigo de opinião de Bernardo Zammit e Vasconcelos – Head of Agency, publicado na revista Vida Imobiliária de janeiro 2022.