Aqueles que acompanham o comportamento do mercado de escritórios em Portugal provavelmente já se perguntaram: Como é que as rendas conseguiram manter-se estáveis, e até mesmo subir, num período de transações tão pouco dinâmico, como tem sido o caso em 2023?
Como na maioria das questões relacionadas às dinâmicas de mercado, não há uma única resposta definitiva. É, na verdade, uma interação complexa de circunstâncias, algumas mais evidentes do que outras. Uma das circunstâncias que parece ter tido um papel crucial é a relação entre a oferta de novos edifícios de escritórios e a procura atual. Os novos ativos que surgiram foram absorvidos de forma gradual e constante pelo mercado, evitando a saturação de espaços desocupados disponíveis. Essa saturação certamente pressionaria as rendas, especialmente nas áreas periféricas de Lisboa e em edifícios mais antigos. Basta retroceder uma década para compreender o impacto que isso teve nas rendas e nas negociações naquela época…
Outro fator relevante tem sido o esforço de investidores e proprietários em oferecer incentivos alternativos para atender às necessidades dos inquilinos, dando prioridade a discussões sobre períodos de carência ou contribuições financeiras para a adaptação dos espaços, em vez de reduções diretas nas rendas. Essas estratégias afetam a receita líquida do ativo, mas geralmente envolvem outras concessões dos arrendatários como prazos contratuais mais longos.
Por último, mas não menos importante, o foco na obtenção de certificações de sustentabilidade e critérios mais rigorosos para a renovação de ativos existentes também têm justificado o aumento das rendas em propriedades mais antigas, contribuindo para a resiliência das rendas que temos observado.”
Artigo de Opinião de Bernardo Zammit e Vasconcelos, Head of Agency da Worx, publicado na Magazine Imobiliário no dia 31 de outubro 2023.