O ano de 2023 deixará saudades no setor imobiliário? E o que esperar de 2024, que ficará desde já marcado por um virar de página no Governo, com a realização de eleições legislativas no dia 10 de março? Cautela, esperar para ver, instabilidade política e turbulência económico-financeira – taxas de inflação altas, embora estejam a descer, e taxas de juro elevadas – são expressões usadas ao longo do ano passado para caracterizar o estado da nação do setor imobiliário. A tudo isto junta-se uma crise na habitação, sendo urgente aumentar a oferta de casas a preços “ajustados”. Haverá, ainda assim, motivos para estar otimista? O idealista/news tenta dar respostas a estas e outras perguntas com a ajuda das principais consultoras imobiliárias a operar em Portugal, que fazem a assessoria e divulgação de negócios imobiliários de milhões de euros e lidam de perto com proprietários e investidores.
O ano de 2023 para o mercado imobiliário comercial foi amplamente determinado pelo contexto financeiro global, caracterizado pela subida da taxa de inflação e consequente política monetária restritiva imposta pelo Banco Central Europeu, com consecutivas subidas das taxas de juro.
Se por um lado, no primeiro semestre foi apurado um volume de investimento superior ao período homólogo, o segundo semestre acabou por refletir refletiu o impacto das condições mais restritivas de acesso a financiamento, com quebras de cerca de 40% no volume de investimento até ao terceiro trimestre.
Ainda assim, importa salientar que esta foi uma dinâmica transversal a todos os principais mercados europeus, que registaram quebras superiores e uma descompressão generalizada das yields.
Tendo em conta que os fundamentais de mercado se mantêm inalterados, não há razão para que Portugal não continue a ser competitivo relativamente a outros mercados e, portanto, um destino atrativo para o investimento estrangeiro, atratividade evidenciada nos setores do retalho e do turismo que assinalaram volumes de investimento superiores ao período homólogo, muito impulsionados por excelentes indicadores de performance operacional.
É um facto que para além da incerteza do contexto global, outros grandes desafios se adivinham para o próximo ano, nomeadamente a estabilidade governativa, essencial para a captação de investimento estrangeiro. Depois da dissolução do parlamento, a solução governativa decidida em março do próximo ano será crucial para a imagem de Portugal no panorama internacional.
Num contexto em que não se perspetiva uma solução de maioria absoluta, revela-se primordial estabelecer acordos entre os partidos de forma a garantir a segurança, estabilidade e previsibilidade, todas fundamentais na atração de investimento estrangeiro. Por outro lado, a simplificação dos processos de licenciamento e de todo um quadro normativo e regulamentar excessivo, a estabilidade do regime do arrendamento ou o desagravamento fiscal na construção nova, seriam, entre outras, mudanças importantes, não apenas para manter o interesse do investimento estrangeiro no setor, como contribuíram substancialmente para dar resposta à atual crise da habitação marcada pela falta de oferta e custos de construção elevados.
No cenário atual, a tendência de comportamento do mercado turístico no próximo ano, depois da célere recuperação registada em 2023, também não é ainda clara. O cenário de recessão nos principais mercados europeus deverá ter impacto no rendimento disponível das famílias e, consequentemente, impacto no dinheiro disponível para o turismo e o lazer.
De uma forma geral, acreditamos que será um início de 2024 desafiante, mas com perspetivas de melhoria até ao final do ano, dada a contínua resiliência dos setores do retalho e o turismo e atratividade de ativos prime nas zonas mais consolidadas.
Leia a notícia completa na Idealista publicada no dia 3 de Janeiro 2024.