Decorreu no dia 12 de julho em Lisboa, no Palácio Sottomayor, a apresentação do estudo “REvolution – An ESG roadmap for Real Estate”. Este estudo resulta de uma parceria entre a PwC Portugal, a WORX Real Estate Consultants, a CCR Legal – Sociedade de Advogados e a Átomo Capital Partners, e vem no seguimento de um inquérito realizado a proprietários e a ocupantes de edifícios de escritórios, para perceber de que forma os temas de ESG impactam as suas tomadas de decisão, e já estão presentes no dia-a-dia das suas empresas.
Foi uma manhã de interessante partilha, que permitiu aumentar a sensibilização para a importância destas temáticas. Com a urgência que existe para a adoção de medidas que permitam atingir as metas definidas não só no âmbito do Acordo de Paris, definido pela ONU, como pelo European Green Deal, é do interesse de todos que também o setor imobiliário se debruce sobre estes temas.
De uma forma geral, as empresas portuguesas não estão preparadas para a implementação do European Green Deal, e muitas revelam uma falta de conhecimento sobre este pacto. Da mesma forma, os dados partilhados neste evento, indicam que a taxa de descarbonização da economia em Portugal é apenas de 11,3%, o que não é suficiente para atingir as metas definidas no Acordo de Paris. É, por isso, imperativo acelerar a transição energética, desempenhando as empresas um grande papel neste caminho. Sendo o setor do imobiliário e construção responsável por 37% das emissões de carbono provenientes do uso de energia a nível global, este estudo e este debate tornam-se ainda mais relevantes, por permitirem perceber o que já está a ser feito pelas empresas portuguesas neste âmbito.
Uma das tendências que, claramente, tem vindo a ganhar destaque no mercado de escritórios é o tema da sustentabilidade e esta tendência reflete-se nos resultados deste inquérito. Os proprietários de edifícios de escritórios estão a apostar na obtenção das principais certificações de sustentabilidade. Considerando o atraso que existe no mercado português face ao contexto europeu, é muito relevante que as certificações sejam agora vistas como uma ação imperativa e não apenas uma moda nos edifícios de escritórios. Este estudo revela que os proprietários consideram principalmente a certificação LEED para a sua estratégia de sustentabilidade (45%), sendo também a mais reconhecida pelos arrendatários de espaços de escritórios (72%). Seguem-se as certificações BREEAM e WELL, que também são consideradas relevantes (36%). Já os poucos proprietários que ainda não consideram apostar nestas certificações (32%), garantem que querem tornar os seus ativos mais eficientes (100%).
Do ponto de vista das iniciativas sociais e de governance, há um claro foco no bem-estar dos colaboradores e na gestão dos espaços comuns e verdes, que se refletem também na avaliação da satisfação dos ocupantes quanto aos edifícios de escritórios.
Além da apresentação do resultado dos estudos, por Cláudia Coelho – Sustainability and Climate Change Partner da PwC Portugal, e Sílvia Dragomir – Head of Research da WORX Real Estate Consultants, houve ainda uma apresentação sobre Reporting e legislação no mercado imobiliário, por Francisco Sousa Coutinho – Head of Real Estate da CCR Legal, e outra sobre a forma como podemos repensar a sustentabilidade no imobiliário, feita por Miguel Subtil – Managing Director da Átomo Capital Partners.
No debate da mesa-redonda, em que estiveram presentes João Cristina – Managing Partner da Merlin Properties, João Silva Pratas – Presidente da Direção da APFIPP, Luís Figueiredo – Administrador do Santander Asset Management, Miguel Valério – Global Head of Facility Management da Critical Software, e Paulo Santos – Diretor de Sistemas de Gestão e Certificação da ADENE, houve uma importante troca de experiências e partilha de visões, entre players relevantes do mercado e especialistas neste tema. Um dos temas debatidos foi, precisamente, a importância dos espaços de trabalho e das políticas de ESG das empresas, enquanto ferramenta de captação e retenção de talentos, aliás, os imóveis que têm em consideração aspetos ESG são mais valorizados e, atualmente, as condições de financiamento também começam a reconhecer estas boas práticas. Numa era em que o teletrabalho está, cada vez mais, instituído, os edifícios têm um papel cada vez maior na capacidade das empresas em atraírem os seus recursos para os espaços de trabalho. Tanto proprietários como arrendatários estão cientes desta questão, e procuram adaptar os seus espaços a estas tendências.
No final desta manhã de reflexão sobre o ponto de situação das medidas de ESG no mercado de escritórios em Portugal, ficou a vontade de saber mais sobre este tema, encontrar soluções para os principais desafios e de voltar a repetir este inquérito mais tarde, para perceber se estamos no bom caminho, e se as empresas portuguesas estão mesmo a implementar estratégias concretas neste âmbito.