Como dizem os ingleses “Walk the Talk!”

Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo na consciencialização sobre a importância da sustentabilidade empresarial, da responsabilidade ambiental, social e de governance (ESG). As empresas estão pressionadas a adotar práticas mais sustentáveis e a comunicar os seus esforços nestas áreas. No entanto, é crucial entender que ser uma empresa verdadeiramente sustentável vai além de usar o marketing como uma medida para a falta de implementação efetiva dos princípios do ESG. Relatórios bonitos e iniciativas superficiais não são suficientes para criar um impacto real.

A autenticidade é a chave para uma abordagem sustentável genuína e o marketing serve tanto melhor à verdade. As empresas devem demonstrar um compromisso sincero com a sustentabilidade em todas as áreas da sua operação. Isso envolve adotar práticas ambientalmente conscientes, promover uma cultura inclusiva e equitativa, estabelecer políticas de governance transparentes e responsáveis, e relacionarem-se ativamente com as partes interessadas.

Uma empresa verdadeiramente sustentável incorpora a sustentabilidade na sua visão, missão e estratégia corporativa, e não no dossier à parte para tratar de exceções. Quero dizer que a sustentabilidade não pode ser tratada como uma atividade isolada, mas um princípio orientador e basilar que permeia rigorosamente todas as decisões e ações da empresa. Desde a cadeia de fornecedores até às práticas de recursos humanos, em tudo, portanto.

Mas uma abordagem autêntica pode na verdade ser mais proveitosa do que aquilo que se pensa. Não é só uma questão de boa reputação, mas sim a oportunidade de recolher diversos benefícios. Os clientes e consumidores estão cada vez mais conscientes e por isso preferem selecionar empresas que já demonstrem um compromisso efetivo com a sustentabilidade. Ou seja, é um caso em que a verdade implementada, não trará só uma reputação por si, mas sim um driver para atrair e reter clientes que valorizam esforços sustentáveis.

No mercado imobiliário por exemplo, são os inquilinos (as marcas) que exigem aos proprietários e/ou promotores o cumprimento de uma série de critérios que cumpra os seus códigos de conduta e ESG, permitindo-lhes assim ocupar um espaço que também cumpre os valores da sua empresa/marca. Para investidores é o mesmo, estes estão cada vez mais interessados em apoiar empresas que incorporam o ESG na sua estratégia de negócios e por isso as empresas podem atrair investidores alinhados com os seus valores e objetivos sustentáveis, fortalecendo assim a sua posição financeira e a sua capacidade de crescer.

Não poderia terminar sem mencionar outro benefício importante, e por vezes subestimado, que é a relação dos funcionários com as empresas. A retenção de talento é fundamental para o sucesso das organizações e desempenha um papel crucial na implementação das práticas sustentáveis. Um compromisso real com a sustentabilidade pode atrair relevantes talentos, de perfil informado e exigente e que por isso também terá um critério cada vez mais decisivo para criar uma cultura corporativa positiva e voltada para o propósito.

Mas a jornada em direção à sustentabilidade autêntica não é fácil e não é só verde. Tem muitas cores. Tem a cor da verdade. Requer tempo, esforço e um compromisso genuíno da liderança e de todos os níveis da organização. O futuro é agora e passa por investir em educação, formação e recursos para capacitar as pessoas e as empresas sobre a sustentabilidade e com isso pedir então ao marketing para garantir a sua implementação e comunicação. É como dizem os nossos amigos ingleses, “we must walk the talk”!