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Data Centres na Europa: o futuro passa por Portugal?

Catarina Branco
Catarina Branco – Research Analyst

A crescente transformação digital impulsionada pela proliferação da Internet das Coisas (IoT), a adopção massiva de Inteligência Artificial (IA) e a procura por serviços de streaming, traduz-se numa progressiva dependência global de serviços baseados em dados e, por consequência, em necessidades, sem precedentes, de armazenamento e processamento dos mesmos.

A inteligência artificial é a epítome do boom da economia digital, um mercado avaliado actualmente em 184 mil milhões de dólares, sendo estimado que quadruplique para 826 mil milhões de dólares em 2030, de acordo com dados da Statista. Segundo dados da International Data Corporation (IDC), o volume global de dados gerados em 2025 deverá atingir 175 zettabytes, representado um aumento substancial face aos 45 zettabytes registados em 2019.

Esta explosão de dados deverá criar uma enorme pressão sobre as necessidades de armazenamento dos dados, ou seja, sobre os data centres, que já apresentam actualmente baixas taxas de disponibilidade nos mercados tradicionais europeus, resultando numa proliferação da procura para mercados secundários.

Efectivamente, à medida que a economia digital continua a expandir-se, os data centres representam, cada vez mais, um investimento robusto e estratégico, com enorme potencial de crescimento no futuro próximo também em Portugal.

Este potencial não deriva apenas da pressão da procura, mas também da própria atractividade deste tipo de activos face a outros activos do mercado imobiliário, uma vez que constituem uma oportunidade de diversificação de portfólio, oferecem rendimentos estáveis e de longo prazo, e ainda beneficiam de maior resiliência a períodos de incerteza, como a pandemia de covid-19, comparativamente a outros segmentos. Efectivamente, a crescente dependência de serviços digitais e deste tipo de soluções, reforça a importância desta classe de activos, tornando-os investimentos relativamente seguros em tempos de crise.

Dado o potencial deste mercado, Portugal tem aqui a oportunidade de se posicionar como destino preferencial para investimento em data centres, capitalizando as suas vantagens competitivas neste segmento, nomeadamente, a sua localização geográfica que favorece a sua conectividade a outros países e continentes, a sua infra-estrutura tecnológica avançada com redes de fibra óptica de alta velocidade, assim como o acesso a energia renovável e a força de trabalho altamente qualificada, especialmente nas áreas de tecnologias da informação e engenharia, cruciais para a operação e manutenção de data centres.

A atractividade do mercado português neste contexto deverá ser ainda cimentada com as quatro novas ligações de cabos submarinos previstas para os próximos anos, uma destas pronta a operar já em 2024, que deverá consistir em mais uma conexão ao continente africano.

Em 2025, prevê-se ainda a entrada em operação do Medusa Submarine Cable System, que deverá conectar os diferentes países banhados pelo Mar Mediterrâneo, numa extensão de aproximadamente 8.700 km. Por fim, o cabo Nuvem da Google deverá fazer a ligação de Portugal aos Estados Unidos da América em 2026.

Esta dinâmica reflecte-se igualmente no investimento em data centres, sendo contabilizados atualmente 39 data centres e mais cinco em pipeline, na sua maioria localizados na Grande Lisboa. Neste âmbito, o maior projecto em desenvolvimento trata-se de um complexo com mais de 22.000 metros quadrados (m²) em Vila Franca de Xira, promovido pela Merlin Properties, cujo início de construção se encontra previsto ainda para este ano.

 

Artigo de Opinião de Catarina Branco, Research Analyst da Worx, publicado na Magazine Imobiliário no dia 22 de julho 2024.

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