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O ano de 2024 foi mais um ano especial para o setor hoteleiro, que se destacou como uma das classes de ativos mais atrativas para os investidores do setor imobiliário. A robustez da procura no setor turístico em Portugal, especialmente nas regiões mais consolidadas, colocou os holofotes em ativos distintivos aos olhos dos investidores.
Note-se que, do total de quase 72 milhões de dormidas em território nacional contabilizadas até ao mês de outubro, o Algarve e a Grande Lisboa continuam a ser as regiões que agregam a maior parte da procura, com cerca de 19 milhões e 17 milhões de dormidas, representando 27% e 24%, respetivamente.
Esta classe de ativos, com tais fundamentais do lado da procura, oferece estabilidade de receitas e perspetivas de valorização a médio e longo prazo, tornando-os atrativos tanto para investidores institucionais como privados.
O contexto de taxas de juro elevadas continuou a condicionar o mercado de investimento este ano, ainda que o alívio da política monetária seguida pelo Banco Central Europeu com os primeiros cortes nas taxas de juro, tenha favorecido o mercado de investimento. Apesar das dificuldades impostas pelas condições atuais, o mercado mantém uma significativa liquidez, o que reflete bem a apetência dos investidores em continuarem atentos a oportunidades, particularmente em segmentos de elevada atratividade e resiliência.
Foi assim que os hotéis ganharam destaque neste ano de 2024, sendo que o volume de investimento em hotelaria ascendeu a perto de €300 milhões, até ao mês de setembro, fixando-se apenas ligeiramente abaixo do volume apurado em igual período do ano anterior.
Os principais negócios do setor este ano corresponderam quase na totalidade a hotéis de 4 e 5 estrelas, além do portfolio de Hotéis Amazónia, prova da aposta por parte dos operadores na qualificação e posicionamento da oferta. À luz destas transações, verifica-se que a atratividade do setor no mercado de investimento é cada vez mais transversal a todas as regiões, com uma maior diversificação de localizações face ao ano anterior, em que a maioria do investimento tinha sido canalizado para empreendimentos no Algarve.
Não obstante, denota-se que a região do Algarve não perdeu de todo importância, já que uma das mais relevantes operações de ocupação do ano foi a compra do Conrad Algarve pela Quinta do Lago, numa ótica de exploração.
2025 perspetiva-se, igualmente, um ano próspero e repleto de oportunidades no setor hoteleiro, mantendo-se os fundamentos e um contexto macroeconómico favorável. Depois de, ano após ano, se antever um possível abrandamento dada a evolução extraordinária de pujança do setor turístico, o que é certo é que o setor continua a revelar-se muito resiliente e muito atrativo a olhos vistos, com fundamentos de mercado sólidos que em nada contradizem a trajetória ascendente.
Artigo de Opinião de Silvia Dragomir, Head of Research for Real Estate & Sustainability da Worx, publicado na edição nº223 janeiro 2025 da revista Publituris Hotelaria.