Que balanço faz deste ano no mercado de arquitetura e construção?
O ano de 2022 foi o melhor ano de sempre da DONE – Design to Build, a empresa de gestão e construção de obra da Worx.
Encontrámos um mercado de arquitetura e construção bastante empreendedor e ativo, com uma crescente preocupação com o bem-estar das pessoas, em parte como resposta ao crescente dinamismo e rotatividade do mercado de trabalho. Esta preocupação, aliada à questão do ESG, traduziu-se numa forte necessidade de investimento nos espaços de escritórios, que não se enquadram ainda nos atuais requisitos da procura.
Houve e há, claramente, uma grande aposta, quer nas certificações ambientais, quer no envolvimento das empresas na procura da resposta arquitetónica com qualidade, sustentável, aliada à inovação e à tecnologia de ponta.
O conhecido work-life-balance é tido em conta também dentro das dinâmicas do próprio escritório e não só numa questão lateral do que se vive fora dele.
Como resultado direto, temos as empresas a apostar fortemente nos seus maiores ativos, que são sem dúvida os seus colaboradores.
Crê que o mercado da arquitetura e construção vá sofrer uma crise em 2023?
Em 2023 acredito que o ritmo do mercado de arquitetura e construção manter-se-á. O tema do ESG já não é novidade e passou a ser uma obrigatoriedade, as empresas continuam a apostar fortemente nos seus colaboradores e nos seus espaços dado o dinamismo e a rotatividade em que se encontra o mercado laboral.
Acredito que as preocupações com ESG, aliadas ao dinamismo do mercado laboral, serão os grandes motores propulsores da nossa atividade em 2023.
Quais serão as grandes tendências para 2023 no mercado da arquitetura e construção?
Tal como em 2022, os desafios serão intensos e ambiciosos.
A grande maioria das empresas, a funcionar em hybrid work mode, inicia o seu processo de mudança com a aposta na elaboração do workplace strategy. Este é um instrumento prévio de análise, que parametriza a utilização do espaço e gera conteúdo para a correta definição do conceito a adotar e dos objetivos a atingir. Da mesma forma, permite definir as zonas-chave e as métricas espaciais que otimizam o desempenho do espaço, tornando-o assim mais inteligente, mais saudável e mais sustentável. É a derradeira ferramenta que analisa e constitui a base de todo o processo de mudança.
A resposta arquitetónica ao workplace strategy gera uma grande expectativa nos nossos clientes, face à qualidade e inovação dos projetos de arquitetura e às especialidades associadas, que estão muitas vezes implicadas a um orçamento controlado.
Existe um “orgulho e sentimento de pertença” associado à criação dos novos espaços, em que o cliente exige que os espaços constituam uma marca de referência no mercado, com uma identidade arquitetónica capaz de ditar novas tendências e provocar novas formas de estar e de trabalhar.
Como é que a workplace strategy se traduz nos novos espaços de trabalho?
Os espaços têm de apostar na flexibilidade como resposta à era da fast food, onde o que ontem era uma regra, amanhã pode deixar de o ser. Simultaneamente, deverão promover o dinamismo e a interação entre os colaboradores e/ou utilizadores, aliando-se às sempre presentes, e agora mandatórias, características que são a sustentabilidade e a tecnologia de ponta. Sabemos que o trabalho remoto veio para ficar e, de dia para dia, surgem novas formas de o viver.
Contrariando algumas opiniões sobre o mercado de arquitetura e construção, não sentimos uma diminuição na procura de área do espaço de escritório (m2 por posto de trabalho), porque em paralelo com a implementação do hotdesking e a consequente diminuição de postos de trabalho, surgiram novas necessidades, princípios e requisitos espaciais que constituem na maior parte dos casos um must have, tais como: áreas colaborativas/sociais, zonas de reuniões formais e informais, hybrid offices, auditórios, phonebooths, trainbooths, silence rooms, hoteling workstation, entre outros.
Existem outras características que o mercado de arquitetura e construção vê como um nice to have, que são zonas que contribuem para o bem-estar dos trabalhadores, como, por exemplo, espaços dedicados à prática de exercício físico, bar/fun zone, sleeping rooms, biblioteca, beauty and massage rooms.
Estas tendências poderão parecer utópicas, mas, na verdade, estão cada vez mais próximas do must have do cliente.
Outra mudança que sentimos no mercado é a queda da “estrutura vertical” na organização espacial. As empresas usam agora uma forma de trabalho horizontal e são alocadas ao espaço dessa forma: por atividade e/ou equipas, e as estruturas espaciais deverão obedecer às características de rotatividade e flexibilidade espacial.
Em modo de conclusão, ainda podemos identificar que a grande tendência arquitetónica no mercado de arquitetura e construção, e que alberga tudo o mencionado anteriormente, é sem dúvida o look and feel homey, como resposta à grande preocupação com o bem estar dos colaboradores.